Porão do Rock 2008 - A Melhor Seleção de Todos os Tempos?
O Festival Porão do Rock, que nesse ano chegou à sua 11º edição, traz consigo a grande missão de tentar institucionalizar Brasília como realmente uma das capitais do rock do país - Mesmo que os próprios produtores relutem e afirmem que festival não é a “tabua da salvação” para música de Brasília.
Único evento desse porte na cidade, o Porão do Rock, consegue por dias voltar as atenções do mundinho rock pra cidade. Como não poderia ser diferente, nos dois dias de shows, estima-se que 35 mil pessoas presenciaram 42 bandas - destas 6 internacionais; que se revezaram em três palcos (dois principais e um terceiro chamado de “Pílulas”), apresentando as mais variadas vertentes do que se convencionou a chamar de Rock.
Em qualquer “Arte da Guerra” que se preze, podemos encontrar uma dica preciosa, digna de um Paulo Coelho “às vezes para irmos mais adiante é necessário alguns passos para trás”, e foi exatamente isso que a organização do Porão do Rock fez esse ano, não foi um passo para trás na qualidade, mas sim nas proporções. Desde a edição passada o evento passou a ter apenas dois dias de apresentações, a arena teve seu espaço reduzido, mas mesmo assim era uma mini maratona se dirigir dos palcos principais (que funcionaram muito bem estando um ao lado do outro) para o Palco Pílula (em determinados momentos com as bandas tocando simultaneamente o som dos palcos principais chegaram a atrapalhar as apresentações no Palco Pílula). A praça de alimentação foi substituída por uma única franquia de lanchonete, não foi criado espaço para esportes radicais (bike, skate, muro de escalada etc.), havia poucas barracas vendendo artesanato (!), camisetas, Cd´s e também não houve a tenda eletrônica. O Porão teve todo tempo uma cara mais “do rock”.
Existe a justificativa de que o festival foi concebido principalmente para abrir espaço para essas bandas underground, mas sendo o único festival da Capital, tendo boa repercussão, prestigio no meio musical e respaldo na mídia, chega a ser injusto que uma oportunidade como essa seja tão mal aproveitada. A curadoria deveria urgentemente rever os seus conceitos na hora das escolhas das bandas. Nessa edição que trouxe o patrimônio do skate-rock a banda Suicidal Tendencies e o hype (verdadeiro e justificado) do Muse, ficou evidente a escolha equivocada de boa parte das atrações.
Em tese, o Porão do Rock não deveria servir de plataforma para bandas iniciantes, o festival poderia tranquilamente continuar abrigando bandas independentes, mas com uma escolha mais criteriosa (não que não haja critérios) dos artistas, sempre lembrando a importância do evento para fomentar uma cena na cidade. Por que quem explica a ausência de Vanguart, Cascadura, Dead Rocks, Ecos Falsos, Júpiter Maça, Wander Wildner, Retrofoguetes, Sweet Fanny Adams, FireFriend, Bad Folks entre outros, todos nomes firmados no cenário e que combinariam mais com um festival desse nível. O que falta em Brasília são outros festivais de Rock (honra ao mérito seja feito para o guerreiro incompreendido e as vezes até marginalizado - Ferrock) por isso tantas cobranças e “pitacos” sobre o Porão do Rock (que ainda rendeu o louvável projeto chamado “Pílulas do Porão”) que da sua maneira a 11 edições faz com que a cidade respire dias de músicas em uma iniciativa profissional nunca vista na muito comentada, mas não justificada Capital do Rock.