• Porão do Rock
  • 2009
  • Maskavo Roots

Maskavo Roots

Existiu uma safra de bandas de Brasília que não foram beneficiadas com o Porão do Rock. Ao contrário de outros festivais, que tiveram em suas edições nomes emergentes de suas localidades, isso nos idos de 1993 até 1997, o Porão do Rock, mesmo no alto das suas 12 edições, começou “tardiamente” em 1998. Assim, uma leva de bandas importantes da cidade perderam toda estrutura (inédita para shows por aqui) e divulgação proporcionadas pelo festival. Muitas delas já não estavam em suas formações originais após a criação do mesmo.

A edição 2009 do Porão trouxe ao palco dois dos mais importantes grupos brasilienses – Maskavo Roots e Little Quail And The Mad Birds. E não foi a toa que ambos fizeram shows antológicos, considerados por muitos os melhores momentos deste festival. Uma apresentação menos festejada, mas que impressionou a muitos, foi a do Maskavo Roots. Travestidos de M. Roots por questões contratuais, a banda subiu ao palco com sua formação clássica (Joana Lewis, Marcelo Vourakis, Marrara, Pinduca, Prata, Quim e Txotxa) e tocou, quase que na íntegra, músicas do clássico e homônimo álbum de estréia (1995) pelo finado selo Banguela Records (Warner). E também canções do pouco conhecido EP independente Melodia que eu conheço (de 1997 que saiu graças ao também finado Prêmio Renato Russo), algumas delas regravadas no segundo CD, Se não güenta por que veio? (Chaos/Sony, 1998).

Os nostálgicos puderam reviver, através de canções como Besta Mole, Chá Preto, Far Way, Tempestade, Escotilha e 45, entre outras, momentos inesquecíveis de uma época em que Brasília exalava boa música em quase todos os gêneros. Já os que não conheciam a banda – ou melhor, os que conheciam apenas aquele híbrido de “reggae-bunda-mole-universitário” com “forró-pop” que virou o Maskavo (do único integrante da formação original Prata) -, se espantaram com o ska rock que outrora eles faziam.

No palco, além da beleza do momento de ver uma banda histórica para Brasília, foi interessante ver integrantes que depois tomaram outros rumos musicais. O guitarrista Pinduca foi o mais bem sucedido musicalmente: a frente do Prot(o) fez dois discos clássicos, sendo o primeiro “top 10″ em muitas listas de rock independente. O vocalista Marcelo “Salsicha” Vourakis lidou com bandas mais nervosas, teve uma passagem pelo Cabeloduro e acabou na Supergalo (um refugo de ex-integrantes do Rumbora e do Raimundos), desperdiçando assim todo seu elogiado talento vocal. O guitarrista Prata e o tecladista Quim pelejaram com o Maskavo até o segundo deixar a banda. A vocalista Joana Lewis vem seguindo carreira solo no Rio de Janeiro cantando MPB e samba. O baterista Txotxa, após tocar por algumas bandas e projetos da cidade, segue firme nos últimos anos na renovada Plebe Rude. E o baixista Marrara há muito não escutávamos falar.

No final da excelente apresentação, depois daquela euforia nostálgica, o que nos restou foi torcer por dia melhores para a atual música de Brasília.