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  • 2009
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A volta da Legião Urbana no Porão

Dado Villa-Lobos e Marcelo Bonfá voltam à Brasília, depois de 20 anos, para um show em homenagem aos 50 anos de Renato Russo e Brasília. Essa é a primeira vez, depois de mais de 20 anos, que a Legião Urbana, mesmo sem Renato Russo, volta aos palcos de Brasília para um momento histórico.

Talvez nem o mais cético fã da Legião Urbana seria capaz de imaginar que um microfone com uma flor branca, no centro do palco, pudesse proporcionar tantos momentos de alegria e comoção na 12ª edição do Porão do Rock.

Já era noite de domingo na esplanada dos ministérios, passava das 21:30. Os Paralamas do Sucesso haviam acabado de emplacar mais um show repleto de hits. O produtor musical do festival, Gustavo Sá, convocou o público para a atração surpresa tão prometida.

Finalmente chegaria ao fim todas as especulações que giraram em torno da atração surpresa desde seu anúncio pela produção do festival. Pacientemente, o público esperou a montagem do palco pelos roadies e alguns tentavam identificar, pelos instrumentos no palco, quem iria se apresentar: - Ali vai ficar o Herbert!!!, gritou um - Aquela guitarra é do Philippe!!!, afirmou outro.

Mas o grande suspense que pairava entre os todos que esperam ansiosos era se, realmente, Dado Villa-Lobos e Marcelo Bonfá estariam presentes no palco para a volta da Legião Urbana.

Quando os telões, localizados nas laterais do palco principal, começaram a passar imagens de shows da Legião Urbana e trechos de entrevistas de Renato Russo, o público ficou em silêncio acompanhando atentamente cada imagem e relembrando, com nostalgia, momentos que jamais voltariam. Com cenas dos últimos show da Legião e reportagens da época que que Renato faleceu, o documentário terminou com uma contagem regressiva de imagens com Dado e Bonfá em ensaios no Rio de Janeiro até a chegada no aeroporto de Brasília um dia antes do festival. Para os fãs, não havia mais dúvidas, a atração surpresa era realmente a Legião Urbana.

No centro um palco, um pedestal com uma flor branca abaixo do microfone marcava o lugar do eterno líder da Legião Urbana e uma pergunta a ser respondida: quem seria o vocalista que iria substituir, ou tentar substituir, Renato Russo? Nos dias que antecederam o festival, foram muitos boatos, muitos nomes, muitas especulações. Mas Renato Russo já havia profetizado seu substituto muito antes de sua morte: "Vocês são a verdadeira Legião Urbana!". Dado subiu ao palco acompanhado de Bonfá, repetiu as palavras de Renato e começou a tocar os primeiros acordes de Tempo Perdido que ecoaram pela Esplanada dos Ministérios. O público foi ao delírio!!!

Coube a André Gonzáles, vocalista do Móveis Coloniais de Acaju, dividir o palco com Dado e Bonfá, cantando Tempo Perdido. André, visivelmente emocionado, pulou o tempo todo e convocou o público para cantar junto as estrofes, sem refrão, da música. Para completar a banda, Dado e Bonfá convidaram os músicos Mateo Moreno (baixo), Guzmán Mendaro (guitarra) e Gustavo Montemurro (teclado), todos músicos uruguaios, que no fim de 2008 participaram de um tributo a Legião Urbana em Montevidéu.

 

Sebastian Teysera, vocalista da banda uruguaia La Vuela Puerca, que também participou do tributo uruguaio, assumiu os vocais de Quase sem querer e se esforçou muito para disfarçar o sotaque espanhol. Na sequência, Dado convidou Toni Platão para cantar Eu sei.

Antes de começar Pais e Filhos, Dado convidou o público para dar uma "ajudinha" a ele e Bonfá. Pedido que foi prontamente atendido. Era visível a emoção do público, alguns chorando, outros de olhos fechados, provavelmente, buscando recordações de outros shows ou momentos que marcaram suas vidas com aqueles versos imortalizados pela Legião Urbana.

Responsáveis diretos pelo sucesso da Legião, segundo palavras de Dado, os Paralamas Herbert Vianna, Bi Ribeiro e João Barone subiram ao palco para cantar Ainda é Cedo, com direto a versão incidental de Gimme Shelter do Rolling Stones. No final do show, Marcelo Bonfá, que havia prometido que não iria falar nada, voltou atrás e agradeceu a presença de todos e disse o quanto estava emocionado em estar novamente tocando em Brasília.

Aos gritos de mais uma, a banda retornou para o bis com Será. Nos vocais Juan Casanova, vocalista da extinta banda Los Traidores, também uruguaia. Philippe Seabra, da Plebe Rude foi convocado para cantar Geração Coca-Cola e lembrou do primeiro show da Legião Urbana em Pato de Minas com a Plebe. Para finalizar, Dado convocou todos os vocalistas para cantar Que País é este! e ainda chamou ao palco PJ, baixista do Jota Quest e Loro Jones, ex-guitarrista do Capital Inicial.

Depois de pouco mais de 40 minutos, eu ainda não conseguia acreditar que estava ali, em frente ao palco, assistindo um show da Legião Urbana. Com Dado Villa-Lobos, Marcelo Bonfá e, mesmo sem a presença física de Renato Russo, foi possível perceber o seu legado em cada frase das 8 músicas cantadas no show. Mais uma vez, o festival Porão do Rock cumpriu o seu principal objetivo, dar visibilidade para a cena musical de Brasília, unindo artistas e bandas da cidade. E este também sempre foi um dos princípios básicos para a Legião Urbana e a toda a Turma da Colina, reunir os amigos para tocar rock e se divertir. Mais uma vez Urbana Legio Omnia Vincit.