• Porão do Rock
  • 2007
  • Festival Porão do Rock volta a ser independente. Ou quase isso.

Festival Porão do Rock volta a ser independente. Ou quase isso.

Promessa feita, promessa cumprida! Assim foram definidas as atrações para a edição comemorativa de 10 anos do porão do rock.

 

Com o patrocínio da Petrobras, que preparou peças publicitárias especialmente para o evento e espalhou em toda a arena, a organização escolheu bandas do underground com estilos que variam do punk rock, hardcore, hevy metal entre outros. É claro que headlines como Angra, Nação Zumbi e Sepultura são bandas que merecem todo o respeito, mas a proposta do festival de revelar novos talentos e trazer bandas pouco conhecidas do público braziliense foi executada com muita eficiência pela produção. Destaque as bandas ganhadoras da seletiva e das bandas internacionais que surpreenderam o público.

A estrutura organizacional do porão supera as expectativas. A volta de dois dias de festival, a diminuição da área da arena e a ausência de bandas mais populares são alguns fatores que mostram que o festival aponta novamente para a cena independente. Aproveitando a experiência acumulada nestes 10 anos, a produção conseguiu agradar os roqueiros e a galera VIP. Área VIP que está cada ano melhor. Este ano contou com arquibancas, TVs, bar e restaurante diferenciados.

Contando com os sempre previsíveis atrasos, que não ocorreram neste ano, chegamos quando a banda Galinha Preta já estava no palco.

Galinha Preta
Com o carismático Frangokaos nos vocais, a banda foi uma atração ímpar no festival. Embora não seja possível afirmar que as músicas da banda tenham letras – “a e i o u / vai tomar no cú” ou “vai trabalhar vagabundo”, podemos dizer que o público assimila com certa facilidade as “letras” e cantam em coro. Frangokaos também tem uma boa percepção ao colocar em debate temas relevantes ao cotidiano do público como o cancelamento de algumas linhas de lotação e consequentemente a falta de ônibus. O vocalista foi prontamente atendido pelo público que gritou junto por “Baú”, que deve virar hit. Com muita competência instrumental ficou devendo apenas nos vocais como o próprio Frango colocou: “fumar e beber... assim eu não consigo” sentenciou.

Mechanics
Uma das principais bandas do cenário underground de Goiânia seguiu a risca o rótulo que eles mesmos definiram para banda “estupidamente barulhenta”. Fizeram um show com muita competência, mas pecaram nos excessos, principalmente do vocalista Márcio Jr., que forçou no discurso. O público que assistiu a apresentação saiu com uma boa impressão.

Dance of Days
A empolgação do baixista Fausto Oi e a imagem marcante do vocalista Nenê Altro são ingredientes que fazem da banda paulista um ícone. Fausto tocou e cantou todas as músicas com uma vontade tão contagiante que parece ter empolgado o público. É bem verdade que algumas músicas já eram conhecidas da galera que cantaram com a banda seus sucessos. Músicas que inclusive ficaram de fora do setlist da banda por conta do tempo.

Satan Dealers
A primeira atração internacional não decepcionou o público e mandou muito bem. No final do show, muitas pessoas que estavam na platéia perguntavam qual era o nome da banda e onde poderiam encontrar o CD. Este, com certeza, este é o melhor sinal que o show valeu a entrada. Embora tenham encontrado dificuldades para se comunicar com a galera, a banda mandou ver com uma pegada rock n roll.

Zamaster
Talvez um dos poucos pecados na escolha da banda para o festival. Embora apresentem uma grande habilidade instrumental com uma pegada pesada, o Zamaster não conseguiu, até hoje, acertar na veia. O intervalo para o lanche acabou sendo inevitável.

Born a Lion
Os portugueses mostram uma vontade enorme de agradar ao público brasileiro. Orquestrados pelo baterista e vocalista Rodrigues, a banda mostrou entrosamento e disposição na execução do setlist. Em alguns momentos até parecida que ia decolar, mas não passou de um susto. Destaque para o baixista da banda, Nunes, que a cada intervalo de música aproveitava para dar generosos goles em sua garrafa de uísque.

Harllequin
Classificada pela seletiva a banda se portou com gente grande. No mais alinhado estilo hevy metal, mostrou grande harmonia entre os componentes do grupo num desempenho digno de headline. Apresentou músicas que foram celebradas pelo público, mostrando que Brasília ainda esconde boas bandas.

Tuatha de Danann
Seguindo o mesmo trem, a banda mineira de Varginha, mas incluindo outros elementos não convencionais ao hevy metal como poesia, flautas, violinos, etc. O público que esperava a grande headline da noite não se decepcionou e acompanhou os mineiros em grande parte do show.

Angra
A atração mais esperada da noite encerrou a primeira noite de festival com uma apresentação dentro do esperado. Desfilando seus principais sucessos, a banda mostrou que ainda é possível tocar com qualidade e vontade.