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Xoquitu, guitarrista, fala sobre Porão do Rock, o lançamento do 1º CD e da cena local




 
{MOSImage}Faça uma pequena apresentação, contando um pouco da história da banda?
A gente tem 3 anos de estrada. A idéia de montar a banda começou comigo, a minha irmã Luara (vocal) e o Barata (baixo). Um amigo nos apresentou ao Murissoca (bateria). Tocamos juntos pela primeira vez em uma festa na casa desse amigo. Nunca havíamos ensaiado antes e descobrimos que rolava uma química legal. Por fim, o Tom (vocal), que adorava cantar as músicas do RATM, e vivia azarando nossos ensaios entrou para dividir os vocais com a Luara e fortalecer a divulgação da nossa mensagem.

Como esta a divulgação do álbum de estréia?

É muito difícil divulgar um disco independente. Principalmente quando não se tem uma estrutura mínima de um selo com verba específica para a divulgação e distribuição, além de contatos importantes na grande mídia impressa, televisiva ou radiofônica. Mas, a gente tem se esforçado bastante para que sejam publicadas algumas resenhas em revistas conhecidas no meio rock and roll e na imprensa em geral, local e nacional. A boa aceitação por parte do público aqui do Distrito Federal e algumas críticas positivas que o disco tem recebido, inicialmente em sites e zines, vêm despertando o interesse de algumas pessoas em outros estados, possibilitando uma maior divulgação do disco. É um trabalho de “formiguinha” mesmo, devendo-se levar em conta uma tiragem de apenas 1.000 cópias e com muito sacrifício financeiro.

Qual foi o melhor Festival que vocês participaram no Brasil?

Nós não tocamos em muitos festivais fora do DF, fomos apenas duas vezes ao Rio. Consideramos importante todos os shows que fazemos. Agora com relação aos festivais, o Porão do Rock merece destaque pela visibilidade que tem aqui no DF e em outros estados.

Quais as bandas, do atual cenário de Brasília, vocês destacariam?
Muitas bandas vêm se destacando. As bandas estão ficando cada vez mais profissionais e tem muita gente fazendo um trabalho legal por aqui. Destacar algumas é muito difícil, mas podemos citar aquelas que temos trabalhado juntos em alguns eventos como: Subversão, El Patito Feo, Radical Sem Dó, Optical Faze, Sentupé, Macakongs 2099, Canelas de Cachorro, Artigo 5, entre outras.

Em termos de divulgação do trabalho qual a importância da Internet para vocês?
A internet é um importante veículo de divulgação, tanto pela velocidade da informação quanto pelo alcance. Infelizmente, a gente ainda não conseguiu um bom parceiro nessa área para que possamos explorá-la com maior eficiência.

O que a banda tem a dizer sobre:

Rádios: Pra gente que faz música, com certeza ainda é o mais importante veículo de divulgação. Mas, necessita passar por um processo de democratização e regionalização para melhor atender a demanda dos trabalhos independentes. Por isso valorizamos bastante as rádios comunitárias e os programas alternativos existentes nas rádios locais e nacionais.

TV: Pensamos a mesma coisa com relação a necessidade de democratização e regionalização. A maior parte dos veículos de informação e divulgação são dominados por grandes corporações e a televisão talvez seja o pior de todos. São raros, se não inexistentes, os programas de audiência que cedem espaço para os trabalhos independentes.

Cena Local:
A impressão que se tem é que tá sempre começando do zero. Ninguém dá continuidade a nada. O governo não faz a parte dele no sentido de criar projetos permanentes que estimulem a produção cultural e formação de público. Os empresários locais não investem em cultura. A grande maioria das casas noturnas preferem valorizar mais a música mecânica ou bandas de covers que um trabalho autoral. A mídia local não tem a preocupação em formar jornalistas críticos capazes de acompanhar a cena e prestigiar a todos os trabalhos com isenção e sem medo de magoar, errar ou acertar em suas avaliações e o pouco que se divulga com destaque, na maioria das vezes é porque o trabalho é do amigo do amigo ou conhecido de alguém que trabalha no veículo. Alguns produtores se preocupam mais com a arrecadação e auto promoção do que em oferecer condições técnicas básicas para que os artistas possam desempenhar bem as suas funções, mesmo que sem remuneração. As bandas, por sua vez, não têm se atentado muito para a qualidade e profissionalização, demonstrando estarem mais preocupadas em encontrar atalhos para o sucesso e esquecendo que o conteúdo é que é fundamental para a existência e sustentação de um trabalho. Tudo isso junto colabora para o desinteresse do público, provocando esse círculo vicioso.

Qual a expectativa da banda em relação ao público e a apresentação no Porão do Rock? Teremos alguma novidades no repertório para esse show?
A nossa expectativa é a mesma para todos os shows. Mandar o nosso som da melhor maneira possível e torcer para que o público responda na mesma intensidade da gente. Nós estamos participando pelo terceiro ano consecutivo. No primeiro ano tivemos 15 minutos para mandar o recado. Este ano como no ano passado vamos ter 30 minutos, tempo insuficiente para mostrar todas as músicas do nosso novo cd. Por se tratar de um festival com público diverso e grande, o repertório tem de ser dinâmico e direto. Então a gente tá optando por incluir apenas duas ou três músicas do repertório do disco que não tocamos no festival nos anos anteriores.