Luisa mandou um beijo
Banda de Rock oriunda do Rio de Janeiro que entre outras coisas mistura guitar-bands com acordes de bossa nova cantando em português.
“Luisa mandou um beijo” é uma banda de Rock oriunda do Rio de Janeiro que entre outras coisas mistura guitar-bands com acordes de bossa nova cantando em português.
Não é de hoje que são considerados uma das melhores bandas do cenário alternativo e casa vez mais soam como se essa “cena” já esta pequena pra eles.
Além de um CDemo a banda lançou um EP pelo excelente Selo Midsummer Madness formam a banda Flávia (voz), PP (guitarra), PC (baixo), Shockbrou (trompete), Luciano (bateria), Andrezinho (trompete) e Fernando (guitarra) que nos concedeu essa simpática entrevista.
E falando sobre simpatia é impossível não se tornar fã da banda, leia a entrevista, compre o disco e acessem o site, curtam a Luisa.
- O som que a banda faz geralmente é típico de bandas que cantam em Inglês, mas vocês optaram pelo português, porque?
R: Já compus muito em inglês quando era adolescente. Sinceramente? Para mim é um sinal de insegurança. Ou imaturidade. Ou timidez. Ou tudo junto. Em inglês quase ninguém entende o que você está dizendo – até pela má pronúncia e/ou má qualidade da gravação da voz. Porém, o que creio ser o melhor argumento para eu compor em português é o fato de que domino a língua portuguesa muito melhor que a inglesa. Conheço seus atalhos, suas matizes, seu gosto. É inevitável que as letras que faço em português sejam melhores que aquelas em inglês. O único argumento a favor do português que eu dispenso é aquele de teor nacionalista, que evoca valores como o patriotismo na defesa de se compor na nossa língua. Sou anarquista e tenho calafrios quando ouço discursos demasiadamente ufanistas.
OBS.: Costumo gostar mais de bandas que cantam em português exatamente porque valorizo a parte lírica (cito como exemplos Fellini, Casino e Vibrosensores). Mas não deixo de apreciar boas bandas que cantam inglês, como a Pelvs, que influenciou muitíssimo o primeiro cd demo da Luisa. Fora, é claro, bandas que cantam em inglês porque nasceram em países de língua inglesa. Dessas eu destaco Pavement e Belle & Sebastian, também por causa das belíssimas letras.
- O que vocês acham desses rótulos que costumam creditar a banda: Rock Alternativo, Bossa Indie, Guitar Pop?
R: Adoro rótulos. Talvez porque eu sou jornalista.... Acho muito pretensioso quando alguma banda diz que não se encaixa em nenhum rótulo. Se for verdade, é uma banda genial, de uma originalidade ímpar – coisa rara hoje em dia. A Luisa para mim é indiepop. Ou qualquer coisa semelhante. Rock alternativo também serve. Por sua vez, a influência da bossa-nova, que tanto nos creditam, aparece em nossa música mais na inspiração dos acordes e menos na batida, com a exceção de "Hoje, o mar dançou no céu".
- Como esta a relação de vocês com o Selo Midsummer Madness? Já pensaram em uma Major ou ainda é cedo demais?
R: Está ótima. A Midsummer vai lançar nosso primeiro cd "oficial" até o fim do ano. Eu, particularmente, gosto muito de estar trabalhando com a Midsummer pois simpatizo com praticamente todos os lançamentos do selo. Fellini, Casino, Vibrosensores, Pelvs, Astromato: são todas bandas fenomenais. Estar ao lado delas é uma honra, pois todas constam entre as minhas favoritas do indie rock nacional.
Ainda acho que é cedo para pensarmos em uma major. Temos que fazer um bom lançamento desse novo cd, fazer mais shows (pois fazemos poucos) etc.
- Músicas como "Amarelinha" e "Guardanapos" poderiam estar tranqüilamente na programação de qualquer rádio, mas infelizmente não estão, quem seriam os culpados: Os programadores, o jabá? O público também tem sua parcela de culpa?
R: É uma pena não haver uma rádio FM aqui no Rio com interesse em tocar músicas de bandas independentes. Mas em parte até entendo, pois o público é pequeno e isso pode complicar a receita com anunciantes. Trata-se de um círculo vicioso: o público não pede porque não conhece, mas não conhece porque a rádio não toca. E as rádios só tocam se houver jabá. E para pagar jabá, tem que assinar com uma major. Assim, posso considerar que a banda também é culpada, pois nunca moveu uma palha para assinar com uma major. Outro fator é de que, nessa área de rádios, sempre demos preferência para aquelas mais alternativas, de cidades pequenas ou na Internet. Não corremos muito atrás de programas em rádios comerciais que poderiam abrir algum espaço, como "A vez do Brasil". Mas não foi proposital. Foi falha do nosso departamento de marketing mesmo. Leia-se: eu.
- Vocês abriram um show para Cat Power? Como surgiu a oportunidade e como foi o show?
R: Sim, abrimos. A Chan Marshall, vocalista da banda, veio fazer uma turnê no Brasil e quem cuidou da produção do show no Rio foi a Midsummer Madness. Então, o Lariú convidou o Casino e a Luisa para abrir o show. Acho que foi o mais importante no nosso "currículo" até o momento.
- Vocês costumam incluir a cover de "Virgínia" dos Mutantes nos shows pretendem registrar a cover em CD?
R: Discutimos o assunto na época de definir a lista de músicas desse novo cd. A princípio eu era a favor da inclusão, mas o Paulo (PC), nosso baixista, nos convenceu de que seria mais legal deixar o cover de fora, para servir sempre como um atrativo extra para os shows.
- Como anda a cena carioca?
R: Talvez você vá rir da resposta, mas a verdade é que estou por fora. Estamos há seis meses sem fazer shows por causa da dedicação à gravação do cd. Voltaremos à ativa somente agora em julho, com uma apresentação em um programa de TV da Uerj transmitido pela Internet. Mas acho que há coisas legais rolando aqui no Rio, pelo que leio nos jornais e na Internet. Ouvi uma banda nova, o "Pic-nic", que achei bem legal. Tem o "Interferência", trabalho solo do Sidney Honigztejn, ex-vocalista do Vibrosensores, que é excelente. Acho que tudo continuou na mesma enquanto a Luisa estava hibernando: poucos shows, poucos lugares com infra legal, mas muita gente fazendo boa arte à margem da indústria fonográfica e das rádios comerciais – que, paradoxalmente (ou não...), investem, na maioria dos casos, em péssimas bandas, salvo raras exceções.
- Como estão sendo os show fora do Rio do Janeiro a banda tem recebido muitos convites para tocar fora de casa?
R: Já recebemos vários convites para tocar fora do Rio, mas recusamos quase todos porque não cobriam os custos com viagem e hospedagem. Não se trata de estrelismo da nossa parte: o problema é que alguns integrantes da banda realmente não têm grana para bancar esses gastos. O único convite que oferecia tudo pago foi um para tocar em São Paulo no projeto "Bandalheira", do Marcio Yonamine, da USP. Aceitamos e foi sem sombra de dúvida o melhor show da Luisa até hoje. Além da infra-estrutura excelente e da simpatia dos organizadores, o público paulistano conhecia e cantava as músicas. Nunca vou me esquecer. Fizemos três shows no mesmo dia em Sampa (1 no programa Bandalheira, outro no CCSP e o outro na festa Sound). Teve gente que foi nos três! Fiquei embasbacado e sorrindo de orelha a orelha.
- A banda já tem um CD Demo e um EP gravados quando teremos material novo?
R: Em breve. Nosso primeiro cd "oficial" está em fase final de mixagem. Deve ser lançado em setembro ou outubro pela Midsummer. Incluímos algumas músicas antigas, agora com boa qualidade de gravação, e algumas "novas" – na verdade não são tão novas assim, pois já as tocamos em shows há mais de um ano.
- Qual a importância da Internet para a banda e se vocês sentem falta da divulgação feita a moda antigas com os Fanzines que rolavam de mão em mão nos shows?
R: A Internet foi uma ferramenta imprescindível para a divulgação da Luisa fora do Rio. Como explicar o fato de haver paulistas cantando as letras no nosso primeiro show em São Paulo? Como explicar o interesse de selos estrangeiros em lançar esse novo CD nos EUA e na Europa? Como explicar, por exemplo, você, de Brasília, nos entrevistando com perguntas que demonstram um conhecimento acerca da história da banda? Se não fosse a Internet, acho que seríamos conhecidos por menos da metade das pessoas que nos conhecem hoje. Muito menos da metade. A título de curiosidade: no site mp3.com estamos nos aproximando da marca de 5 mil downloads de nossas músicas. Devemos atingir isso em agosto, pelo andar da carruagem. Não me importo que algumas dessas pessoas talvez estejam deixando de comprar o cd. Quero mais é que as músicas se espalhem, que as pessoas falem por aí sobre a banda etc. Preocupar-se com vendas é coisa para artista de grande gravadora! Acho que se eu visse hoje um cd pirata da Luisa por aí ficaria orgulhoso! (rs).
Quanto aos zines impressos: a Internet tira seu espaço, mas não o seu valor. Ainda existem zines impressos por aí, alguns com ótima diagramação e rico conteúdo.