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21: Marcos Pinheiro é Cult 22

“Nunca na história desse país” se viu tanta barbaria.

Eu até que gostaria de fazer um editorial bem humorado, sobretudo por se tratar de uma edição especial do Elefante Bu: foi a primeira vez que fizemos uma entrevista internacional. Isso merecia uma comemoração, certo? Afinal, é como se o zine tivesse crescido mais um pouco.

Só que ficar alegre é impossível quando todos os principais jornais do país se transformam em autênticas notícias populares. Todos estão jorrando sangue e o pior é que nem se pode colocar culpa na “imprensa marrom”, e sensacionalista. Os atos de violência ganharam dimensões extraordinárias. Está no Rio de janeiro, em todas as capitais, nas cidades do interior do país (hoje se sabe que elas se transformaram em “terra de ninguém”). Fora a prostituição e trabalho infantil, crianças que viram carne barata, sistema educacional falido, a saúde que é uma calamidade pública, falta de oportunidades, etc. Não tem mais para onde correr. É que as coisas tomaram tamanha proporção que tornou-se impossível defender ou acreditar nesse país.

A violência descambada é só uma conseqüência dos anos de má administração, de corrupção, de escolhas infelizes (e as pessoas ainda as repetem, numa demonstração impressionante de burrice), de falta de memória, de impunidade, de descaso com a educação, desse infeliz “jeitinho brasileiro”. O colunista da revista Veja Diogo Mainardi não se cansa de afirmar que o Brasil é o pior país do mundo. Quisera eu ter argumentos para contradize-lo. Eles, simplesmente, não existem.

Se o jornal inglês chama o nosso congresso de chiqueiro e os brasileiros de paquidermes, devemos ficar calados. Se o filme de terror “z” fala do maníaco que usa estrangeiros burros para traficar órgãos, devemos ficar calados (a nossa realidade é mil vezes pior), se o cineasta ganha Sundance com um documentário sobre a corrupção do Brasil, devemos assistir... calados. Todas as críticas que o mundo dirigir a nós, hoje, devem ser recebidas de cabeça baixa, porque depois que um garoto foi arrastado por sete quilômetros, perdemos a moral por completo.

Só vamos poder ter o direito de rebater qualquer crítica contra o Brasil no dia que começarmos a se mexer no sentido de tentar mudar esse quadro degradante. É um trabalho que exige seriedade de cada cidadão. Chega de discurso demagogo, chega de burrice, chega de pasmaceira. Ou mudamos ou entraremos num caminho sem volta.

“Nunca na história desse país”... 

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